terça-feira, 24 de maio de 2011

Traduções de Letras de Música - Parte 002: Hotel California - The Eagles


Mais uma campeã de traduções erradas na internet (e nos trabalhos escolares), Hotel California é alvo da curiosidade de muitos fãs de Rock n' Roll. Este vídeo é clássico e, ao meu ver, muito mais interessante do que aquele acústico famoso. Aqui vemos realmente o que foi o vôo das Águias nos anos 70.

A letra, fantástica, super culta e quase indecifrável para quem não viveu nos USA na época, requer um senhor estudo para ser decifrada. Não ouso colocar aqui a minha interpretação do que é o Hotel California. Apenas indico os caminhos para quem quiser tentar chegar a uma conclusão, ou apenas aventurar-se nesta estrada deserta e escura.


HOTEL CALIFORNIA*

Numa autoestrada deserta e escura
O vento fresco em meu cabelo
O cheiro cálido de maconha erguendo-se no ar
Logo adiante, à distância, avistei uma luz trêmula
Minha cabeça ficou pesada e minhas vistas se embaralharam
Tive que pernoitar

Lá estava ela, na entrada
Ouvi a campainha da recepção
E estava eu pensando cá pra mim
“Isso poderia ser o paraíso ou o inferno”
Aí ela acendeu uma vela e mostrou-me o caminho
Havia vozes pelo corredor
Pensei tê-las ouvido dizer:

Seja bem-vindo ao Hotel California
Um lugar tão adorável
Um rosto tão adorável
Um monte de quartos no Hotel California
Em qualquer época do ano
Você o encontra aqui

A mente dela está obcecada pela Tiffany*
Ela tem as torções* da Mercedes
Ela tem um monte de rapazes lindos, lindos
Que ela chama de “amigos”
Como eles dançam no átrio!
Doce suor de verão...
Alguns dançam para lembrar, outros para esquecer

Então, chamei o capitão*
“Por favor, traga meu vinho”
Ele disse: “Não temos tido esse senso de humor* por aqui desde 1969”
E aquelas vozes ainda ficam chamando de longe
Acordam você no meio da noite
Apenas para ouvi-las dizer:

Seja bem-vindo ao Hotel California
Um lugar tão adorável
Um rosto tão adorável
Eles aproveitando a vida no Hotel California
Que bela surpresa
Traga seus álibis

Espelhos no teto
Champagne Rosê ao gelo
E ela disse: “Somos todos apenas prisioneiros aqui, de nosso próprio dispositivo”
E nas Câmaras* do Mestre
Eles se reuniram para o banquete
Eles o* apunhalavam com suas facas de aço*
Mas simplesmente não conseguiam matar a Besta*

A última coisa de que me recordo
É de que eu estava correndo para a porta
Eu precisava encontrar uma passagem de volta
Para o lugar de onde vim
“Relaxe”, disse o vigia da noite
“Estamos programados para receber.
Você pode assinar sua saída sempre que quiser,
Mas nunca pode sair!”


1 – California está sem acento porque não deve ser traduzido. É comum traduzir nomes de estados norte-americanos, como “São Francisco”, “Nova Orleans”, “Carolina do Sul”, “Nova Iorque”, ao invés de usar seus nomes originais “San Francisco”, “New Orleans”, “South Carolina” e “New York”. Neste contexto, costuma-se acentuar a palavra “Califórnia”. No caso da música, no entanto, estamos nos referindo a um hotel chamado California, e não ao estado da Califórnia. Portanto, como nome de estabelecimento, não é prudente traduzir nem aportuguesar. Vale ressaltar que a foto na capa do disco “Hotel California” é o Beverly Hills Hotel, também conhecido como “Palácio Cor-de-Rosa”, muito freqüentado por celebridades. A foto é do Beverly Hills Hotel visto do Sunset Boulevard, outro estabelecimento de alto luxo (isso é muito importante para compreender o conceito do tema Hotel California, sobre “o lado sombrio do Paraíso”, nas palavras do compositor Don Henley).
As origens da palavra “California” são tema de muita polêmica e seria válido todo um estudo só sobre isso. Mas, a título de curiosidade, podemos ressaltar algumas teorias sobre o significado da palavra: “Quente como um Forno”, “Da Califa (rainha das Valkírias), e “Inferno” (sendo comum em italiano mandar alguém à Califórnia quando quer mandar para o inferno), e, na língua dos índios americanos, há uma palavra semelhante que significa “Montanhas Altas”. Uma outra teoria, abraçada por evangélicos radicais e teóricos da conspiração, afirma que o cantor não diz “hotel” na gravação, mas “Hot Hell” (Inferno Quente), nas tentativas de conectar a banda com uma conspiração satânica para perverter as almas dos jovens amantes de rock n’ roll.

2 – “Her mind is Tiffany-twisted”. Tiffany & Co é a maior, mais cara e mais badalada joalheria dos Estados Unidos. O fato da mente da garota estar “retorcida pela Tiffany” é uma referência ao materialismo dela, confirmado na próxima metáfora.

3 – “She got the Mercedes Bends”. Don usa um trocadilho de “Benz” (da marca Mercedes Benz) com “Bends” (Torções). “The bends” é uma expressão usada para referir-se ao estado de euforia vivenciado por mergulhadores, quando emergem à superfície após muito tempo submersos. As golfadas fortíssimas de ar geram este estado alterado de consciência. Fazendo uma ligação com o verso anterior, compreendemos que o materialismo anunciado na obsessão pela joalheria Tiffany e aos carros da Mercedes pode ser comparada ao efeito de alguma droga alucinógena, e que quando ela emerge da “viagem”, experimenta uma sensação semelhante a “the bends”. Trocadilhos intraduzíveis para o português, mas importantes para compreender o que é o “Hotel California”, que, como veremos, não é um hotel.

4 – “So I called up the captain”. Embora a palavra “Capitão” não seja muito utilizada em português para referir-se a garçons, há casos (principalmente aqui em Minas) em que ocorre, devido à influência do inglês em nossa cultura.

5 – “Spirit”, citado na frase “we haven’t had that spirit here since 1969” pode ser erroneamente traduzida como uma referência ao vinho. Inclusive algum tradutor que não conheça bebidas poderia compreender este verso como “Não temos tido este tipo de bebida (spirit) aqui desde 1969”. Isso seria mais um erro cultural do que um erro de tradução, já que o vinho não é um “spirit” (bebida destilada). No caso, “spirit” refere-se ao senso de humor. Por que o garçom diria isso a um hóspede? Por que é engraçado o fato de alguém pedir vinho num hotel? Por que eles não têm ninguém com senso de humor ali desde 1969 (Lembrando que o disco “Hotel California” é de 1976, seriam sete anos desde que ninguém fazia gracejos dentro do estabelecimento)? É para se pensar...
A título de curiosidade: Evangélicos fanáticos e teóricos da conspiração afirmam que “Spirit” é referência ao “Espírito de Deus” e que ele não está presente ali devido às depravações satânicas que se tornaram públicas em 1969 nos Estados Unidos, já que foi justamente em 1969 que Anton LaVey lançou a Bíblia de Satanás e estabeleceu a Igreja de Satã na Califórnia.

6 – “Chambers”, que está traduzido como “Câmara”, também poderia ser traduzido como “Aposentos”, mas tiraria o clima solene e castelar que a letra toma nesta parte.

7 – O “It” do verso “They stabbed it with their steely knives” refere-se ao “Banquete” citado no verso anterior, e não ao “Mestre”, dono do aposento.

8 – “Steely knives” chama a atenção devido ao Y desnecessário no final da primeira palavra. O natural seria “steel knives” para “facas de aço”. Então, por que o “steely”? Pesquisando sobre isso, chegamos à informação de que a banda Eagles excursionava junto a outra banda, administrada pelo mesmo empresário que eles. Esta banda chamava-se Steely Dan. Então, como em um disco contemporâneo a Hotel California o Steely Dan lançou uma música cuja letra citava os Eagles. A música do Steely Dan chama-se “Everything You Did” e a letra diz: “Turn up the Eagles. The neighbours are listening”  (“Aumente os Eagles. Os vizinhos estão ouvindo”). Steely, neste caso , é uma alusão e uma brincadeira com a banda Steely Dan.
O ato de “esfaquear” aqui é também uma referência à injeção de drogas intravenosas, se fizermos uma análise mais profunda da letra. Vejamos mais disso no próximo tópico.

9 – Mais como curiosidade do que tradução, lembremo-nos que nas tradições góticas cita-se o vício incontrolável e a busca hedonista por prazeres imediatos como “A Besta” (quem já jogou o RPG Vampire: The Masquerade já viu esta expressão relacionada à necessidade por sangue). No caso do estabelecimento “Hotel California”, as pessoas ali reunidas, “prisioneiras do próprio dispositivo que criaram”, elas tinham reuniões no quarto do “Mestre”, onde elas tinham uma espécie de “banquete”. Ao ver as pessoas desesperadamente tentando saciar seus vícios, no entanto sem conseguir livrar-se deles, o eu lírico tenta fugir do estabelecimento, que “está programado apenas para receber”, mas de onde nunca se pode sair. Que tipo de lugar é esse? Uma clínica de reabilitação? Um sanatório? Um asilo? Uma prisão? Um hospital? Uma clínica psiquiátrica? A Mansão dos Mortos? O Inferno (Hot Hell Cali Fornia = O Quente Inferno, Quente como Forno)? O Vício?
Quem seria a garota que o herói encontra na recepção? Uma traficante? Um anjo? Um demônio? Lembremo-nos de que ela já o esperava na porta, o ajudou a entrar, o conduziu com uma vela nas mãos, mas tem problemas psicológicos com materialismo, não é funcionária do lugar (ela confessa que também está presa ali) e tem um certo séquito de rapazes...
Enfim, a letra é riquíssima em símbolos. Pode tratar-se de uma história mística, de uma história de terror, de drogas, do fim de um relacionamento. Há muitas teorias. Mas o objetivo é levar a pensar e não dar respostas prontas.




LETRA ORIGINAL (copiada do encarte do vinil Hotel California, de 1976):

HOTEL CALIFORNIA

On a dark desert highway
Cool wind in my hair
Warm smell of colitas, rising up through the air
Up ahead in the distance, I saw a shimmering light
My head grew heavy and my sight grew dim
I had to stop for the night

There she stood in the doorway;
I heard the mission bell
And I was thinking to myself
“this could be heaven or this could be hell”
Then she lit up a candle and she showed me the way
There were voices down the corridor,
I thought I heard them say:

Welcome to the Hotel California
Such a lovely place
Such a lovely face
Plenty of room at the Hotel California
Any time of year
You can find it here

Her mind is Tiffany-twisted
She got the Mercedes Bends
She got a lot of pretty, pretty boys,
That she calls friends
How they dance in the courtyard!
Sweet summer sweat.
Some dance to remember, some dance to forget

So I called up the captain,
“please bring me my wine”
He said: “We haven’t had that spirit here since nineteen sixty nine”
And still those voices are calling from far away
Wake you up in the middle of the night
Just to hear them say:

Welcome to the hotel california
Such a lovely place
Such a lovely face
They livin’ it up at the hotel california
What a nice surprise!
Bring your alibis

Mirrors on the ceiling,
The pink champagne on ice
And she said: “We are all just prisoners here, of our own device”
And in the Master’s Chambers,
They gathered for the feast
The stabbed it with their steely knives,
But they just can’t kill the beast

Last thing I remember,
I was running for the door
I had to find the passage back
To the place I was before
“Relax,” said the night man,
“We are programmed to receive.
You can check out any time you like,
But you can never leave!” 

O Homem Capitalista Ocidental e Seu Descaso com o Resto do Mundo

 Imaginem vocês a seguinte situação:

O Grande Homem Ocidental
Você vai à Europa Oriental e resolve, um belo dia, conhecer a cultura local através de uma ida ao cinema. Há um filme em cartaz que chama a sua atenção. O nome do filme: "Jesus".
Ingresso na mão, guloseimas prontas, você adentra a sala para ver um lindo filme religioso.
Para seu total espanto, tem início um filme de ação, onde um cara cabeludo e musculoso, tão cheio de poderes quanto de contradições e incertezas, usando uma calça coladinha e um corpete, no bom estilo dos heróis da Marvel e da DC, chamado Jesus, combate inimigos que querem tomar o domínio do planeta. O chefão do mal não poderia ser outro: Lúcifer. Loiro, de cabeleira esvoaçante e tridente lança-chamas, arma mil e uma situações para derrubar Jesus.
A intervenção maior acontece: O próprio D'us Javé (ou Jeová, ou IHWH, como queiram) é o personagem mais poderoso do filme, mas também é várias vezes ludibriado pela corja de Lúcifer.
Lembrando que todos eles, tanto Javé quanto Lúcifer usam calças colantes e uniformezinho ridículo.
Acredito que os mais religiosos dos meus leitores ficariam chocados e até mesmo ofendidos ao ver tal situação, certo?

Então...
Chocante é não se sentir chocado com o que fazemos...
Vocês acabaram de conceber o sentimento que algum morador das regiões geladas do norte da Europa e da Ásia, ainda seguidor das antigas tradições vikings, teria ao visitar algum país capitalista ocidental e ver THOR em cartaz. Sei que imediatamente virão as críticas de algum de vocês, considerando a comparação radical. Afinal, é inconcebível para maioria até mesmo eu usar este exemplo. Mas, caro cristão, use um pouco do seu cristianismo e coloque-se no lugar do outro por um instante: Se um cristão poderia se ofender ao ver Jesus de calça colante, porque um herdeiro dos vikings não se ofenderia ao ver um Thor todo descaracterizado e ridicularizado? A imagem ao lado é para reforçar o sentimento.

Mas o homem ocidental não tem o menor pudor ao transformar deuses e valores de povos que não sejam o americano cristão e seus imitadores em produtos para entretenimento. Não há o menor respeito nem pelas religiões, nem pelas tradições. O budista é quase sempre visto como um idiota zen, o islamita quase sempre visto como um terrorista fanático, os africanos são tidos como "macumbeiros", os rastafari são tidos como maconheiros escutadores de reggae. Isso só para citar pouco. Não existe o menor respeito a nada. Transformar Thor, Ororo, Ravena, Lóki, Odin, etc, em heróis humanizados é até pouco, comparado com a total negligência com a cultura alheia.

O deus maior dos capitalistas é o dinheiro. O homem capitalista só não transformou Jesus em um herói com calça colante porque consegue ganhar mais dinheiro com sua imagem divinizada, em igrejas caça-níqueis. Só por isso e mais nada. E não estou falando apenas de igrejas evangélicas. A venda de ítens religiosos, de crucifixos a adesivos, é o motor de uma indústria milionária. No dia em que isso não der mais dinheiro (se este dia chegar), é assim que Jesus pode aparecer por aí:
A transformação...

Para o alto e avante...
Muita gente diz e pensa que a violação da cultura de povos dominados aconteceu antigamente. Discordo. O violentar das culturas diferentes está acontecendo, de fato, agora. Comparado com o que estamos fazendo hoje, a época das cruzadas foi apenas uma "passada de mão na bunda". O estupro está acontecendo é agora, com a mídia desregrada que temos.

A maioria das crianças brasileiras e americanas acredita que todos os povos do mundo são cristãos e capitalistas, exceto aqueles" homens barbudos de túnicas brancas", que moram no deserto e amarram bombas ao próprio corpo ou jogam aviões em prédios para matar gente boa. É inconcebível para a maioria das crianças (e dos velhos) do Brasil e dos States que esquimós, índios, africanos, etc e etc nem saibam quem foi Jesus, nem conheçam o refrescante sabor de uma Coca-Cola, nunca tenham ouvido o grande sucesso do Justin Bieber e tampouco salivem ao ver a logo do McDonald's.

É difícil, caro colega capitalista ocidental, mas aprenda esta verdade: O Planeta Terra tem mais de 6 bilhões de humanos. Destes, APENAS pouco mais de 2 milhões são cristãos. E ainda são subdivididos em várias "religiões cristãs" e vivem se combatendo.

Você não vê por aí budistas ou umbandistas ou confucionistas divididos entre si. Também não ouve falar de hindus mandando para a fogueira quem não crê em seus "deuses de amor e bondade".

Religião sempre foi uma grande desculpa para o homem combater seus semelhantes.
É hora de acordarmos para a realidade e dar fim a esta arrogância de pensar que todo o planeta pensa e age como nós. Se este mundo tem salvação e ainda não caiu em uma terrível grande guerra ou em uma situação social pior do que a vivida na Europa na primeira metade da Idade Média, é porque a maioria da população é tolerante e VIVE religiões que apregoam a paz, a reflexão, o amor universal e as virtudes.

Sim, caro homem ocidental, é isso mesmo: Se ainda há paz neste mundo é porque os ELES (a maioria) são tolerantes com VOCÊ e COMIGO. Se dependesse de nosso estilo de vida, onde temos religião apenas para pedir socorro diante dos problemas e para fingir para os outros que somos bons, quando, na verdade, nossos pensamentos e sentimentos são totalmente condenáveis, o mundo já estaria em caos.

Meus caros, chega de preconceitos religiosos, raciais, etc. Você, caro homem ocidental, fala mal de tudo o que você desconhece. Sabe por quê? Porque você tem medo. Você foi treinado, adestrado e condicionado, desde o berço, a ter vergonha de assumir que desconhece algum assunto e TEMER do que desconhece, e, pra piorar, para sentir-se bem consigo mesmo, você foi treinado a ODIAR aquilo que desconhece. Então, como seu ódio sozinho não basta para destruir ou moldar estas coisas, você fala mal, você se encobre de preconceitos e detona, com sua língua ferina, tudo aquilo que você adoraria conhecer mas não pode ou não consegue.

O ópio do povo, a arma dos homens atrás da cortina.
TEMER e ODIAR é a arma do homem ocidental moderno. Com essa prática, nós temos destruído tudo o que um ser superior, de inteligência e amor infinitos pode ter feito. Não somos amigos da sabedoria, nem da tolerância, nem da compaixão. Estamos acostumados a proibir e sermos proibidos. Liberdade só existe em nosso vocabulário na hora de fazer poesias, músicas no estilo "We Are the World" ou discursos políticos. Não sabemos conviver nem com a nossa própria liberdade, o que dizer da liberdade alheia? Ela nos incomoda, e muito.
Guerra Santa Versão Ultimate
Chega de temer e odiar. Há coisas que são para nós e nós para elas. Outras não são. Se você acredita em Jesus, porque ridicularizar e desrespeitar Odin, Buda, Oxalá, Tupã, Quetzocoatl, Vishnu, etc? Se você acha ridículo um índio adorar o Sol e a Lua, ou um japonês colocar arroz para um antepassado, pense que eles também podem achar ridículo acreditarmos em um deus invisível e cheio de desvios de personalidade, como ciúmes e vingança.

Deuses, se são muitos, se é um só, não importam. O mais importante é convivermos bem e em paz, cada um em seu caminho. O que realmente vale é ter nossos princípios religiosos como princípios de tudo aquilo que há de sublime.
O Destemido Monarca Que Anda
Ser cristão não é ficar ofendidinho ao ver as imagens de Jesus neste bLog ou brigar com quem não é cristão e ficar berrando "queima ele, Jesus". Isso é muito fácil e é até mesmo ridículo. Isso é mostrar que você é um desequilibrado. Quero ver alguém ser cristão na hora de preferir oferecer a outra face a iniciar uma contenda. Quero ver alguém ser cristão na hora de amar D'us acima de tudo e o próximo como a si mesmo. E aí, senhores cristãos? Que tal? Quer ficar ofendidinho? Fique com as igrejas que patrocinam guerras usando o nome de sua divindade favorita.

Sabem aquelas religiões que vocês acham ridículas? Pois é... o pessoal que acredita nelas, que você chama de bobo ou louco, VIVE cada um dos princípios. E nós, ocidentais, não somos capazes de viver nem o mais importante e básico dos princípios.

TOLERÂNCIA com a DIFERENÇA é a maior prova de amar o próximo como a si mesmo, sabia? Pois você é muito tolerante, tenho certeza, com cada um dos seus muitos defeitos, senão já teria se matado. Será que você, grande homem, grande mulher, é capaz de ser tolerante com a diferença (que você chama de defeito) do seu próximo?

Lembre-se, homem ocidental, capitalista e cristão, de que nós somos MINORIA. Graças a D'us! A maioria das pessoas do mundo é formada por pessoas que acham ridículas e burras todas as nossas práticas comerciais e sociais, a nossa religião e até nossas roupas. Ainda bem que eles são TOLERANTES com nossa burrice. Ainda bem, mesmo! Porque se eles pensassem como nós, já estaríamos aniquilados.

Já escrevi demais. Fiquem em paz! Coexistam!


P.S.: Antes que me chamem de anticristão, ou qualquer outra coisa do tipo, gostaria de esclarecer que não tenho nenhuma religião, e ao mesmo tempo acredito em todas. Tenho um pé inteiro dentro do judaísmo, amo o cristianismo (apesar de ter medo dos cristãos) e sou fascinado pela religiosidade oriental. E sou partidário de que a síntese de todas as religiões humanas ainda seria incapaz de chegar aos pés do que é uma convivência pessoal com o que cada um chama de seu "D'us". Tenho o maior respeito por todas as religiões do mundo, inclusive a sua. É pela convivência pacífica entre todas elas que escrevo. É pelo fim do desrespeito das culturas alheias. É pelo fim da arrogância do homem ocidental capitalista e cristão.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Um Pouco de Música

Olá, meus caros!

Depois de alguns dias sem postar, penso ser oportuno dividir com vocês um pouco de música.

Hoje estou disponibilizando para download o disco da extinta Camerata.

A Camerata Capela Nova, ou simplesmente CAMERATA, foi um dos grupos mais interessantes que o município de Betim já teve. Foi muito bom ter trabalhado com tanta gente bacana, em um trabalho tão especial. É uma lembrança e uma honra que vou carregar pelo resto da vida, pois marcamos, à nossa maneira, o desenvolvimento da cultura betinense.

Esse pequeno grupo, com sua curta história, deixa como lembrança alguns vídeos na internet e um disco, que tive o orgulho de produzir.

Aqui está o link para o download. Depois disponibilizo a arte gráfica. Quem quiser, é só pedir por e-Mail (reinaldo@subrosa.com.br):


Gravamos este disco pela Lei de Incentivo à Cultura de Betim, com participação de uns músicos super especiais, como os grandiosos Celso Moretti e Paulinho Ferreira, em suas respectivas músicas "Buneco da América" e "Planeta Minas". Paulinho também participou de "Caminhos de Minas", que é uma variação de Trenzinho Caipira, O Fortuna e Baião Barroco, ao lado de Thiago Barrez, meu ídolo da guitarra. Barrez também abrilhantou na guitarra em "Buneco da América", e eu tive o privilégio de enriquecer meu currículo tocando guitarra em uma música onde Paulinho e Barrez também tocam (Caminhos de Minas)... hehehehe! Deu vergonha, mas posso esnobar um monte de guitarristas agora. Afinal, toquei com os mestres.

Também tocaram neste disco a banda Sub Rosa (minha banda), na nossa música "Enslavement of Beauty", e a Bárbara também tocou percussão em "Abertura para o Sol" e "Planeta Minas", enquanto Ramon Braga tocou bateria na maioria das músicas. Tive outro privilégio, que foi co-produzir com o Rodrigo Lourenço (Ratão) a música "Planeta Minas". Ratão acabou gravando algumas percussões de efeito nesta música. E nunca vou esquecer da captação da chuva e da enxurrada.

No meio de tanta gente maravilhosa, músicos tão bons, foi uma pena o grupo ter se desfeito durante a gravação. O disco poderia ter sido muito melhor.

Camerata antiga, com a Solange (de laranja).
Na Camerata, músicos iam e vinham, mas houve um grupo que ficou firme por mais tempo. São estes: O Marco Aurélio, que além de ser um grande músico é um ser humano de qualidades raras. Era ele quem coordenava nossos trabalhos musicais. Daniel Leão, com seu jeitão inconfundível e uma musicalidade impressionante. Douglas Barros, que apesar de andar com a galera Emo no Betim Shopping, solava Vivaldi. A sempre séria Jussara, com seu ouvido atento e suas execuções perfeitas. A Fabrícia, sempre brincalhona e agradável. Abraão... esse menino vai muito longe com seu inseparável violoncelo... Diego Fonseca, o "dragão de Comodo", com sua língua afiada para criticar as nossas roupas e cabelos... Grande artista! Aliás, todos são grandes artistas. Todos... Inclusive o Deco, que foi mais Camerata do que muitos dos integrantes fixos...
Por falar em pessoas que ajudaram demais, não podemos esquecer a Fabiana Martini, o Tcharles Avner, a Tia Nádia... Como eram bons nossos momentos na Casa da Cultura...
Douglas, Abraão, Jussara, Diego, Marco, Fabrícia, Daniel, Reinaldo

Nossas "caracterizações"...
Além destes, que foram meus companheiros por mais tempo, outros passaram deixando sua indelével marca: Bárbara, no teclado; Diego Silva no cello, Felipe no violino, Daniel Canelli no violino, Vítor na percussão, Aurélia no violino, Frank no cello, Zezé Batera, o finado Saad na bateria e percussão, Daniel Laranjeira, que só fez uma apresentação... e outros que passaram antes de eu entrar para o grupo.

Uma de nossas melhores apresentações...
Lembro-me de alguns momentos super divertidos, como quando fomos tocar na inauguração das luzes de Natal em BH, e voltamos cantarolando melodias com a palavra "sapo". Lembrando que, no dia, tocamos debaixo de uma chuva filha da mãe, com um coral da terceira idade.

Houve uma viagem para São Lourenço em que o Felipe, eu e mais uns doidos achamos um joguinho infantil da Estrela no hotel e viramos a noite jogando.

Em outra feita, em viagem para Lorena/SP, todo mundo na piscina do hotel e o Diego estudando cello perto da gente.

E quem vai esquecer da famigerada viagem em que o pessoal do coral queria brigar conosco porque passamos a acrescentar o verso "bom Jesus" em qualquer música?
Jussara, Douglas, Diego, Daniel, Marco, Abraão, Reinaldo e Fabrícia

É, Camerata... um grupo assim pode nunca mais surgir. O grupo teve de tudo. De apoio do poder público a reconhecimento internacional. Coisas que só acabam porque somos humanos e imperfeitos.

Saudades...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Traduções de Letras de Música - Parte 001: Imagine - John Lennon


Sempre tive certa birra (às vezes, gastura) ao ver músicas mal traduzidas.
Letristas maravilhosos tendo seus trabalhos totalmente deturpados ao ser traduzidos por pessoas que ou não dominam suficientemente o idioma de origem da música ou os temas tratados.

Essa minha birra não nasceu com a internet. Ela começou muitos anos antes, com revistas sobre bandas e letras traduzidas. Sim, crianças, revistas. Talvez vocês nem conheçam tal meio de comunicação, mas ele era muito bom e eficaz. Para saber as notícias sobre seus artistas preferidos, como shows, lançamentos, etc, esperávamos ansiosamente a saída da Bizz, ou da Roadie Crew, ou da Rock Brigade, ou de outras do tipo (quando passei a dispor de recursos, passei a comprar Rolling Stone, Circus Magazine, Kerrang, etc...) . Juntávamos nossas suadas merrecas e comprávamos. Recomendo! As informações são mais confiáveis do que as da internet, sempre!

Sempre gostei das matérias, das fotos, de tudo. Menos de uma coisa: Traduções.

A partir do momento que comecei a ter uma noção básica de inglês já foi o suficiente para ver que pagávamos para ler idiotices.

Um belo dia, em 1990, ao ler uma tradução de Learning to Fly, do Pink Floyd, pensei:

- Nossa! Que coisa horrível! David Gilmour não é um idiota para escrever algo tão ruim.

E lá fui eu pesquisar para tentar entender o que realmente ele havia escrito. Após muito dicionário, manuais de aviação (na época eu nem dirigia carro... como ia eu saber o que era uma mistura rica de combustível?), história da banda, biografia do David Gilmour, noções de medidas, etc (e na época, era pesquisa em bibliotecas, revistas emprestadas ou compradas... não tinha a moleza de internet, não), descobri que o idiota era o cara que acreditava que aquela tradução da revista estava correta. Depois disso, resolvi nunca mais precisar de tradutor. Opção que tenho honrado até hoje.

Hoje em dia, pra piorar, temos a internet. Ou inFernet, como diz o Chico Bento e eu concordo.

Com o advento desta rede de comunicação era para tudo ficar mais fácil. As informações seriam melhores e mais rápidas. Infelizmente, o foco ficou apenas no quesito velocidade e a qualidade das informações tornou-se ainda pior. Prova disso é o analfabetismo de nossos jovens. Sob o pretexto do que chamam de "linguagem de internet", escrevem tudo errado. Ainda farei uma postagem só sobre isso. Abomino "Miguxês", "Fofuxês", "Internetês", "Legiotês" e qualquer variação de escrita errada de qualquer tribo, principalmente de tribos virtuais.

Voltando ao tema...

Chegamos à Era da Informação! Tcharaaaaaaam!!!!

Era da Informação ERRADA, é o que eu digo!

Não bastassem as informações mentirosas, equivocadas e burras que encontramos na rede (vide Wikipédia e semelhantes), onde tantos buscam informações para trabalhos escolares e "enriquecimento" de cultura pessoal, quando vamos procurar traduções de músicas (que deveriam ser mais fáceis de traduzir/interpretar, com tanta informação disponível), encontramos coisas ainda piores do que as da época das revistas.

Cansado de tanta tradução errada, resolvi postar aqui no bLog as traduções de algumas músicas das quais gosto muito, e que são campeãs de traduções erradas na rede.

Vou começar por IMAGINE, do Mestre John Lennon, tão incompreendido até pelos próprios fãs.

IMAGINE é uma letra de profundidade quase impossível de mensurar. Acreditem quando ele fala que é para IMAGINAR. Ele não está pedindo ninguém para fazer nada além de IMAGINAR, porque ele sabe que IMAGINAR basta.

Nem vou entrar no mérito da beleza singela da música que serve de cama para a letra, pois eu poderia ficar empolgado.

Além da letra com a respectiva tradução abaixo, inseri uma legenda no vídeo original da música.

Espero que gostem e divulguem para seus amigos.

Vocês podem, também, fazer pedidos de traduções. Terei o maior prazer de atender, na medida do possível e da prudência (não venham me pedir tradução do Justin Bieber, pelo amor de D'us!).

JOHN LENNON - IMAGINE
(letra original)

Imagine there's no heaven
It's easy, if you try
No hell below us
Above us, only sky
Imagine all the people
Living for today

Imagine there's no countries*
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion, too
Imagine all the people
Living life in peace

You may say I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will be as one

Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world

You may say I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will live as one

JOHN LENNON - IMAGINE
(tradução)

Imagine que não existe nenhum paraíso
É fácil, se você tentar
Nenhum inferno debaixo de nós
Acima de nós, apenas o céu
Imagine todas as pessoas
Vivendo pelo dia de hoje...

Imagine que não existe nenhum país*
Não é difícil fazer isso
Nada pelo que matar ou morrer
E nenhuma religião, também.
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz...

Você pode dizer que sou um sonhador
Mas não sou o único
Espero que algum dia você se junte a nós
E o mundo seja como uma unidade.

Imagine que não existe nenhuma propriedade
Me pergunto se você consegue
Nenhuma necessidade de ganância ou fome
Uma irmandade do homem

Imagine todas as pessoas
Compartilhando todo o mundo.
Você pode dizer que sou um sonhador
Mas eu não sou o único.
Espero que algum dia você se junte a nós
E o mundo viva como uma unidade.

*O verso "Imagine there's no countries" também poderia ter sido traduzido como "Imagine que não existem países". É possível optar por concordar com o verbo ("there is" - singular) ou com o substantivo ("countries" - plural). Se alguém quiser aprofundar o assunto, vamos tratar disso nos comentários para não aumentar ainda mais a postagem.

A PROPÓSITO: Sintam-se livres para usar minhas traduções. Mas, se não for pedir demais, citem o autor do trabalho. É o mínimo que alguém honrado pode fazer, né? Copiar trabalhos alheios é feio.