sábado, 23 de abril de 2011

Alquimia: Transformando Fezes em Ouro, parte 1: Flávia Lages de Castro



Esta série de postagens tem como objetivo desmistificar a arte da Alquimia. Muitos pensam que Alquimia é coisa de filmes e livros do Harry Potter, ou de velhos malucos que passavam a vida tentando encontrar uma forma de transformar chumbo em ouro. Estou aqui para mostrar, meus caros, que a Alquimia evoluiu com a sociedade e hoje ela é capaz de muito mais do que gerar um elixir da longevidade e transformar chumbo em ouro.

Sabemos que hoje até chumbo é caro. Então, qual seria a coisa mais reles, que qualquer um possui ou pode gerar espontaneamente, para transformar em ouro? Fezes! Sim, meus diletos leitores. Parem de torcer seus narizes com nojinho. Fezes, cocô, merda, bosta, tolete, babônica. Isso mesmo. Todo mundo produz, nas mais variadas formas, cores e texturas.

A diferença entre o gênio e o sonso é a mesma que existe entre o oportunista e aquele que tem princípios éticos.

O ético vê uma ruma de fezes e pensa que a única utilidade daquilo é fertilizar o solo. O oportunista analisa aquela coisa desagradável e malcheirosa e já imagina que no mundo há várias pessoas com síndrome de hiena, que jamais perceberão a diferença entre cocô e caviar, e prepara uma forma de fazer estas pessoas consumirem merda como se fosse o tesouro de Ali Babá.

Desta forma, o oportunista propicia todos os elementos para que a transmutação alquímica aconteça, e a merda possa ser transformada em ouro.

O maior alquimista de todos os tempos atua hoje na literatura e chama-se Paulo Coelho. Autor de vários livros ruins, mal escritos e com historinhas fracas para boi dormir, foi capaz de transformar um monte de merda (seus livros) em ouro (o patrimônio e a fama que hoje possui). Além disso, PC conseguiu encontrar o elixir da longa vida, pois conseguiu uma cadeira entre os imortais da nossa literatura. Tudo isso usando apenas merda e oportunismo.

Dedicarei, futuramente, uma postagem especial ao Paulo Coelho, nesta série Alquimia. Ele merece. Também serão homenageados Rick Bonadio, Bill Gates, Renato Russo, Caetano Veloso, Fernando Henrique Cardoso e Tiririca.

Hoje, no entanto, dedicarei a Flávia Lages de Castro, autora do livro "História do Direito - Geral e Brasil", editora Lumen Juris, 2004. Tomarei emprestadas algumas observações do bLog "Pensamentos Simples"  nesta empreitada.

Sou estudante de Direito e tive o inusitado desprazer de, durante uma aula de História de Direito, deparar-me com afirmações do tipo: "O livro dos mortos era um livro que continha os feitos dos mortos e era colocado nos sarcófagos ou enterrado junto aos cadáveres". "Os gregos não tinham costume de anotar as coisas". Neste dia, pensei: "Meu D'us... o que é isso? Será que morri e estou no inferno? Isso é coisa que se afirme dentro de uma universidade?"

Mal sabia eu que o pesadelo estava apenas começando. Estas afirmações não são nada comparadas com o que deparei-me logo em seguida: O livro da Flávia Lages. Senti vergonha alheia pela professora. Não bastasse afirmar tais coisas citadas acima, o livro desta Flávia parecia ser o livro de cabeceira da mulher, que o citava a torto e a direito, com a intimidade de "o livro da Flávia", "a Flávia diz", e coisas do tipo. Em conversa futura, a professora deu a entender que é íntima da cidadã. Eu teria vergonha de admitir isso, mas a professora é uma mulher de coragem e não abandonaria a amiga, apesar dos micos.

Duvido muito que alguma outra universidade permita que tal livro esteja em sua biblioteca, pior ainda é tê-lo como referência do curso de História do Direito.

O livro parece ter sido escrito em um chat na internet. As construções frasais são típicas daqueles moleques menos aplicados do ensino fundamental, que ficam o dia todo no MSN. Ortografia? O que é isso? Flávia desconhece. Chegou a escrever "flecha" com "X". Sim, sim. A mulher teve a coragem de escrever "fleXa"! Professor Pasquale, socorro! Vejam:

"Quando um vassalo (...) desejava deixar claro o rompimento unilateral do contrato ele o fazia de acordo com o desafio, que poderia ser simplesmente atirar uma flexa ou um luva em direção ao senhor (não para acertá-lo)" (p. 125)



Ignorem a pontuação, a seqüência lógica, a escolha de termos... enfim. Se ela ignorou, você também consegue, leitor.

A partir de alguma iluminação mística, alguém informou à Flávia que a história tal qual conhecemos é uma mentira, e ela começa a ensinar a verdade das coisas:

Vejamos alguns comparativos:

Segundo a história, a rainha Elizabeth nem casou nem teve filhos.
Segundo Flávia Lages, ela teve um filho, chamado Jaime.

Segundo a história, Henrique VIII fundou a Igreja Anglicana.
Segundo Flávia Lages, foi Henrique VII.

Dispensando não apenas um revisor, Flávia influencia pessoas. O prefácio foi escrito por alguém que certamente dispensou a leitura do livro. Tantos elogios de uma  pós-doutorada, que tem hábito de falar de si em primeira pessoa do plural, só podem vir de alguém que ou não leu o livro ou faltou a todas as aulas de história, do pré-escolar ao pós-doutorado.

A leitura sofrível do livro me leva a pensar no valor da amizade. Só mesmo uma amiga da Flávia, como a minha professora deu a entender que é, seria capaz de pagar o mico de usar este livro em sua aula. Só mesmo uma amiga da Flávia, como a pós-doutora do prefácio diz que é, seria capaz de elogiar este amontoado de besteiras.

A coisa é tão séria que, por reclamar do livreco, estou sofrendo perseguições na faculdade. Afinal, o ego de uma professora deve ser mais importante do que a qualidade da informação de uma universidade. Será que o MEC e a OAB aprovam um curso com este livro como referência?

Flávia Lages de Castro recebe o Primeiro Troféu Alquimia, do bLog 11:11!
Parabéns à autora!




4 comentários:

  1. Está aí a prova do excelente ensino superior do nosso país...

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  2. Pois é, meu caro Reinaldo, o que mais posso dizer diante disso? Também sinto vergonha alheia por alguns profissionais do Direito.

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  3. Caro colega,

    Penso que o livro faz jus a aula que temos tido. Ou deixado de ter. Parabéns para a coordenadora do curso. Como ela diz aos que perguntam algo que não consta no rico slide: pesquise na internet!

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  4. Ah... os poderosos slides... mais confiáveis do que o oráculo de Delfos, contém em seu interior toda a sabedoria do mundo.

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